Embora sem saberem, André e Jorge eram meio-irmãos. O seu pai era Luís, um jovem escritor. Ele conseguia escrever os mais belos poemas possíveis, belos não por serem alegres, mas por transmitirem com uma arrepiante precisão o que ia dentro dele. Luís costumava andar com três pins, um em forma de escudo, outro em forma de espada e um último em forma de pena. Na altura em que concebera André e Jorge os seus poemas estavam a ficar cada vez mais negros, mais tristes e mais solitários. Poucos dias depois de os conceber suicidou-se, nunca chegou a saber que eles tinham sido concebidos. Nos dias em que concebeu André e Jorge deixou o escudo e a espada com aquelas que viriam a ser mães deles e as mães passaram os pins aos filhos. Quando Luís foi enterrado levou consigo a pena ao peito. As mães nunca chegaram a saber o que acontecera aquele jovem escritor que nunca mais as tinha contactado, que nunca mais tinha atendido o telefone, que nunca mais respondera as suas cartas. André guardava o seu pin, em forma de escudo, na esperança de um dia o encontrar o seu pai, na esperança de um dia deixar de se sentir rejeitado por aquele que o trouxe a este mundo. Jorge por sua vez guardava o seu pin, em forma de espada, para não se esquecer do que vivera enquanto criança sem pai, para nunca se esquecer de odiar aquele que o trouxe a este mundo.
André e Jorge não partilhavam o seu passado com outros, nenhum deles sabia que o outro nascera sem pai, no entanto sentiam que embora fossem tão diferentes havia qualquer coisa que os unia. André era magro e Jorge era bem composto, mas tinham vários traços em comum e a maior parte das pessoas acabava por os achar parecidos.
André e Jorge não partilhavam o seu passado com outros, nenhum deles sabia que o outro nascera sem pai, no entanto sentiam que embora fossem tão diferentes havia qualquer coisa que os unia. André era magro e Jorge era bem composto, mas tinham vários traços em comum e a maior parte das pessoas acabava por os achar parecidos.
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