26 abril 2007

SInto-me cercado e abandonado II

E enquanto a morte aproxima-se,
Eu reganho coragem para me endireitar.
A minha certeza desdobra-se,
Pois ela não será capaz de me matar!
A dor física já nada importa!
Sinto uma luz atrás de mim,
Sei que se aproxima o fim!
Não ficarei eu, mas ela morta!
Os nossos corpos quase se tocam...
E eu olho nos seus olhos gelados!
O frio vem agora de todos os lados!
As suas ameaças já não me marcam!
A foice levantada cai sobre mim...
Caio no chão...
Ainda vivo? Não...
Sou ceifado pelo fim!
A ruína onde estava agora sou eu...
Toda a minha essência se perdeu!
Mas o que era a luz afinal?
Como pode isto ter corrido tão mal?
"Na medieval zaragata
nossos castelos colidem
na mais violenta batalha ardem
para todo o sempre arruinada"
Na triste ironia do destino,
Parti sem dó nem piedade.
Quero por-me fino,
Mas já não tenho idade.
Sou a ruína por onde passei...
Sou uma nova ruína,
Com um novo ser dentro de mim.
Ele que passeia nos meus confins,
Eu sopro-lhe um agradável brisa.
Ele sente e agradece...
Mais tarde sopro-lhe um lenço,
Branco como o cal e leve como o ar!
Até que sinto-a dentro de mim...
Ela voltou encho-me de raiva!
O lenço cai e escurece por fim!
Todo eu enegreço na memoria do que fui!
Foi assim que eu rui...
Relembro-me e tento ajuda-lo,
Recrio a luz do mui' antigo desejo!
Já não é possível separa-los...
A foice cai enquanto eu os vejo...

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